quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Título pra que?

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Escrevia com fervor duplicado
(`)as belezas, quando por elas se encantava.
Agora, de sentido obliterado,
Não (as) escreve: a tradição dos escritos permanece,
mas onde elas estão?
Talvez a última lhe foi sugando os ares
Até perder a inspiração.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Lunar

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Sempre cheia
de pessoas que me despertam
de lugares que me cercam
de tudo o que podem me trazer

Dica: busque novidades
Novas oportunidades,
novas possibilidades
as ocultas, do vir-a-ser

Que as dores minguem
assim como eu a cada noite-dia
...você também me minguaria...
Minguará? Espero eu.

Cresça, dentro do seu espaço/tempo
Os remorsos são verdade
Não existem caras nem metades
Seu amor é um mais dois, ao contrário do meu.

A lua - a que existe de fato -
me sorriu um pouco torta: linda, crescente
Escrevi-a, e não olhei para trás:
Segui em frente.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Insônia (de um número qualquer)

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Isso não é poesia
Falta sopro, falta cigarro
Os pensamentos aos quais me agarro
Velejam...

Isso não é poesia
Falta arte, falta tato
Perdeu-se um tanto do carinho inato
Que havia...

Isso não é poesia
Sobra rima, sobra recalque
Acomodo-me, então, ao desfalque:
Durmo.


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Escrever, para apaziguar...¹

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Dos vários modos que existem para aprender a viver melhor, um dos que mais aprecio é a escrita. Para escrever, é preciso pensar. Para escrever bem, é preciso pensar bem. Escrever ajuda a elaborar o raciocínio, a sublimar emoções, a organizar o mundo. A escrita tem funções que muita gente não imagina; é útil nas situações mais diversas e inusuais. A humanidade faz isso há séculos: para espantar seus fantasmas, ela escreve.
Mario Sergio Cortella, na coleção O que a vida me ensinou (Editora Versar e Editora Saraiva)


    ¹Título do segundo capítulo do livro O que a vida me ensinou - Viver em paz para morrer em paz (paixão, sentido e felicidade), de Mario Sergio Cortella.

A passagem desse livro delicioso me lembra um texto que escrevi no final do ano de 2010, e lendo ele de novo parece que foi ontem que o escrevi. Talvez um pouquinho seria diferente, mas continuo gostando de clichês, então aí vai:


Divagações de final de ano - o clichê

Nunca gostei desse tipo de texto, mas ele brotou a despeito da minha vontade. E essas coisas a gente respeita, né.


Que a presunção da razão e a idiotice da objetividade, inerentes a qualquer pseudopensante como eu, não sufoquem meus ideais verdes e embaçados, meus arroubos românticos, nem meu gosto por clichês.  Afinal, parece que fomos além das expectativas de Nelson Rodrigues e o número de idiotas da objetividade extrapolou os 100 milhões (não falo apenas de jornalistas ou pessoas do ramo, dica).

Que meus cânones sejam eleitos por sua carga de estrago, de incômodo e de inquietação, muito mais que pela intelectual ou formal. Afinal, quando o assunto é arte, a teoria pode ser um pé no saco que eu não tenho, e o ridículo (como a forma desse texto) pode ter o seu valor.

Que a cada decepção ou frustração eu continue jurando nunca mais acreditar em nada, mas que depois desses desânimos eu volte a enxergar a beleza das (im)possibilidades, nem que seja por 2 segundos. Afinal, tudo o que sempre me atraiu tem certo parentesco com o impossível: o difícil, o distante, o abstrato, o subjetivo, o diferente, o que não existe.

Que a cada parte de mim que for amputada ou morrer um pouco por alguma daquelas decepções ali de cima, outra melhor possa crescer, mais forte, e principalmente diversa da que se encontrava apodrecida. Afinal, coisas podres são ótimos adubos.

Que meus momentos ostráceos sejam ligeiramente compreendidos pelos que me cercam, mas que eu também permita um pouco mais as pessoas no meu mundinho, principalmente se elas continuarem sendo as mais intensas, interessantes, sensíveis, malucas, exageradas e humanas. Afinal, a apatia e o equilíbrio – por mais necessário que esse último seja – me aborrecem bastante, e em se tratando de sentimentos, que fique claro: exagero é o que se tem depois da intensidade legítima, e o que se tem antes é descaso, é pouco e não me serve.

Que os pequenos gestos daqueles que me são caros, as inspirações meteóricas e as discussões fervorosas continuem iluminando o meu sorriso, estimulando meu espírito, e principalmente reavivando as borboletas narcolépticas que povoam as minhas entranhas. Mesmo que elas pareçam mortas às vezes, basta um ventinho diferente para reerguê-las. Afinal, por mais que o pouco não me sirva, há maneiras de fazer com que ele seja muito.

Que as barreiras que construí ou foram construídas em mim sejam transpostas ao invés de derrubadas, e que escrever continue sendo a melhor forma de acalmar meus fantasmas e esquisitices de temperamento. Afinal, expurga-los todos seria acabar com um pedaço importante de mim: o pedaço que chora, que se sufoca, mas que sente.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Tempo que vai passando

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2 meses, 5 meses, 9 meses.

A quem pouco se importa: eu ainda ando devagar, falo devagar, divago muito devagar e ainda digito com uma só mão.
A quem se importa: muitos progressos, muitas viagens, muitos carinhos e muita paz de espírito.


É hora de (tentar) voltar a escrever.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Paciência

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“Não, não, não e não! Bolinhas de feno de novo, não!

Comecei o blog já prevendo esses recessos, mas no fundo, bem na rapinha do meu otimismo vacilante, não achei que fossem ser tantos. Nem que o teor das postagens acabasse tão melodramático melancólico. Que fosse íntimo, sim. E tudo bem que as expressões mais doídas e ridículas são quase sempre as mais urgentes, mas há também outras de igual ou maior valia que escapam pela preguiça, pela falta de papel à mão, por uma distração (as de sempre...), ficam perdidas no banheiro, porque a água do chuveiro é um catalisador de pensamentos tão bom quanto o travesseiro...

Senti muita vontade de escrever, por exemplo, a respeito da minha primeira experiência em sala de aula, uma coisa deliciosa. Fiquei com vontade de registrar, já que minha memória só parece prestar pro que não presta (último recurso moderninho de sinceridade disfarçada, prometo) pra música e outras coisinhas inúteis.

Seria divertido recordar com detalhes o frenesi inicial da docência, tanto quando coisas bacanas acontecessem com a Educação, quanto quando a rotina do ganha-pão me empurrasse cada vez mais para o cúmulo do desânimo.

Mas como boa parte das coisas que me acontecem, perdeu-se. Assim como a outra metade desse post, que vai sumindo a medida que vai sendo escrito.”


Esse era o rascunho do texto que eu ia postar em novembro. Acontece que dia 13 de novembro do ano passado sofri um AVC: acidente vascular cerebral isquêmico, que nenhum médico sabe ainda por que.

O lado direito do meu corpo foi totalmente paralisado dos pés a cabeça, e o lado direito dela parecia estar vazio. Não me lembro de muitas coisas, sei que 5 dias depois voltei para minha cidadezinha para tentar me reorganizar na casa dos meus pais, e tudo mais que se pode fazer com os fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeuta ocupacional, hidroterapeuta... Não é fácil, com o tempo você cai em si e cai no choro também, porque é uma coisa que modifica sua vida inteira. Mas olhando pelo lado bom, eu já ando, mexo o braço, falo - com a voz horrível, mas tudo bem, até fui comer comida japonesa no shopping de Lavras (lugar incrível recheado de lembranças boas!).

Hoje faz dois meses que eu saí de Viçosa. Dois meses que eu me lembro de vir segurando o choro quando voltava de lá, lembrando dos amigos, de quem eu gosto muito, do período que eu ia perder, da despedida lá no hospital... Mas não quero que isso fique aqui com lembranças. Que fique cheio de gratidão, esperança e lotado de saudades, porque meu coração está cheinho delas.

Um obrigado muito sincero pra todos que enviaram qualquer pensamento positivo, e agora é paciência...

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Despedidas

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Não faz muito tempo que me enviaram um texto sobre a hora de parar que terminava com a seguinte frase: “Porque a gente precisa saber a hora de parar, porque a hora nunca para de passar”.
O texto é bacaninha, apesar do final bobinho – que inclusive lembra muito as coisas bobas que eu escrevo. Fala sobre como temos que saber a hora de parar e começar várias coisas ao longo do dia, da vida, etc. Mas e daí? Calma que logo faz sentido (ou não).

Coração não é nada pragmático, e lá no seu fundinho sempre vai viver iludido de que o que tem dentro dele é o bastante. Por isso quando dois corações se separam por um motivo desses, que lhes são estranhos, todos os encontros viram êxtase, e ao mesmo tempo, despedida. 
Despedida por não saber quando, se, nem como será o próximo encontro. Êxtase por ver, por ter ali, por querer, por sentir saudades e todas as coisas que se sente quando se reencontra um amor perdido ou abandonado, tudo elevado à milésima potência, com a intensidade que só as despedidas permitem. 
Mas despedida dói, e chega um momento em que você tem que escolher entre viver se despedindo, viver perdendo o que você mais quer, ou encontrar uma forma de não ter mais que fazer isso, seja evitando os encontros, ou fazendo com que eles sejam definitivos, dentro do possível. 
E quando parece cedo demais para evitar os encontros, e você simplesmente não consegue achar uma solução para que eles sejam saudáveis e "definitivos"? Você foge? Bebe? Morre? Morre de beber? Espera a intervenção divina como se você realmente acreditasse nessas coisas? Sai correndo pelado cantando Sidney Magal? Ou inventa eufemismos que envolvem nudez e música brega para não dizer com todas as letras algo realmente idiota?

Eu escrevo, e mesmo sem perceber, eu tento, porque um outro problema dos corações metafóricos é que eles não sabem muito bem a hora de parar.




...O ralo que antes levava todas as preocupações passou a escoar a cada dia um pouco mais da esperança de sermos dois ali de novo. O embaçado do mormaço se confundia com o dos olhos e a água já fervia a pele, mas faltava o calor do nosso corpo ali debaixo. Faltava até mesmo o toque das nossas mãos geladas em dias frios, dos abraços encaixe perfeito nas horas de saudade, que era tanta, tanta... Faltavam duas mãos e uma boca, arrancadas do meu corpo quando ele se separou do seu.
Ecoavam pelas paredes brancas os soluços, o desespero ao invés das risadas, dos gemidos. As pernas e todo o resto do corpo bambo que antes sustentavam o prazer, dessa vez tremiam para sustentar a dor de um meio corpo sem vontade de nada. Um corpo que só é inteiro quando tem o seu por perto. Quando no tempo e no espaço de um beijo podemos ser, de novo, dois.
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