segunda-feira, 27 de setembro de 2010

You can't keep safe what wants to break

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Could it be that everything goes 'round by chance? Or only one way that it was always meant to be? - (Kill - Jimmy Eat World)




Eu tenho medo dessas coincidências bizarras. Mais uma vez mexendo nos meus bloquinhos antigos, encontrei uma coisinha escrita que me deu um apertozinho no peito, sabe. Versos tosquinhos, mas carregados de... não sei, julguem por si mesmos.



Nossa história não vivida
de flor amarela e papel crepom
Talvez fosse bela melodia,
contudo, a vida errou o tom

Nossa história interrompida
de carinho e de saudade
Floresce no peito colorida,
esmoresce no imenso da realidade

Nossa história, quase história,
fez o tempo ficar louco
Não soube ser, errou a hora
Foi tão curta e foi por pouco

Nossa história, que história?
Perdeu-se como folhas ao vento
Apenas fragmentos de memória
reconstroem-na no pensamento



And now... MUSIC!

Tenho matado a saudade de Jimmy Eat World esses dias, inclusive o título do post é um trecho de Always Be, do álbum Chase This Light (2007) e a citação do início é de Kill, do Futures (2004), duas das minhas favotiras. Vocês podem acessar os videos no youtube através dos hiperlinks, mas a musiquinha de hoje é outra.
Cover de Shade and Honey (Sparklehorse) por Alessandro Nivola, um ator que eu não conheço muito, mas que soube cantar uma música que eu adoro de uma forma bastante digna. A versão está no filme Laurel Canyon (2002), que também conta com Christian Bale e Kate Beckinsale.
Ignorem o video, as always.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Música: Benoît Pioulard

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Eu ia perder meu tempo falando sobre a tosqueira que o programa CQC fez em Três Pontas, cobrindo o Festival Música do Mundo que aconteceu por lá entre os dias 8 e 12 de setembro - e eu não fui. Mãs resolvi fazer uma coisa mais legal e produtiva.
Apresento a vocês uma das minhas mais incríveis descobertas da semana: Benoît Pioulard

ó a carinha dele

Escolhi essa foto porque de alguma forma ela me parece o retrato exato do personagem Maurício, do (ou "o") Caio Fernando Abreu, na cena do primeiro capítulo do livro Limite Branco, enquanto luta contra o tempo, o medo, o silêncio e as paredes, em meio a suor e lágrimas, no vazio de seu quarto adolescente.

De volta ao mocinho da foto, por mais que pareça pelo pseudônimo, ele não é francês.  Americano e nascido em 1984, leonino (argh.), o nome é Thomas Meluch, o ser que tem dominado minha playlist. 
Não gosto e não sei descrever músicas muito bem, essa é uma coisa muito "sentida" e quase nada verbal pra mim, por isso não costumo me arriscar. Maaas eu posso mostrar, né? E cá estou há bastantes minutos tentando escolher uma música dentre tantas maravilhas... 


...coloquem os fones nos ouvidos, fechem os olhinhos (ou fiquem  cegos com essa foto psicodélica do video -não!), e bon voyage!




Música: Ahn   Álbum: Temper (2008)



O mais difícil de escolher uma só é que uma música parece culminar na outra. 
Coloquei essa porque nos primeiros 10 segundos já senti frio na barriga, e depois só melhorou. Recomendo também Ragged Tint, The Loop Pedal e Shouting Distance. (links pro youtube)
Na verdade, eu recomendo ouvir todas, então quem gostou, pode ir fuçar no site oficial ou baixar o Temper através do mediafire AQUI.
Também vazou o Lasted que será lançado em outubro, mas não lembro onde eu baixei.



Té mais o/

domingo, 12 de setembro de 2010

Too much momentum

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Pra compensar o post anterior que não teve musiquinha.





Não dá pra incorporar o video, mas vale a pena dar olhadinha.




Acho a Tegan uma fofura, e além de terem dito que essa música é a minha cara (musicalmente), ela também faz algum sentido pra mim (literalmente).
Meus mood swings andam cada vez mais frequentes, mas continuo me esforçando pra manter certa regularidade aqui.
Té a próxima o/


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

De sons e términos

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     Sentou-se na beirada da cama, de modo que não mais o via. Terminava de arrumar as malas para ocupar as mãos e o pensamento, longe de estar distante: finalmente caía em si.
     Passados alguns dos momentos mais longos que vivera, ele levantou-se, apanhou os cigarros e, enquanto acendia um deles, recostou-se novamente nos travesseiros. Atento ao que acontecia, não deixou de perceber que ela mexia meticulosamente na carteira, como quem virava a última página de um livro que não queria terminar de ler.

_ Quanto ficou o almoço?
_ Nada, não.

     Sem dar ouvidos, depositou o dinheiro na escrivaninha, apesar dos protestos do outro.
     Não se olhavam mais, mas de onde estava ele podia perceber a figura daquela que minutos antes havia desabado e tentava se conter.
     Cansado de lançar olhares que gritavam por palavras, fossem elas quais fossem, resignou-se àquele silêncio quase morto e passou a atentar-se aos sons que os rodeavam: suspiros, o fogo que crepitava em algum lugar lá fora, carros passando e uma música distante. Era Beatles. Até a fumaça da rua que se misturava à do cigarro recentemente lançado ao cinzeiro parecia ecoar em seus ouvidos argutos. Então, estendeu a mão e acendeu mais um, tentando continuar preenchendo o silêncio, que lhe costumava ser tão caro. Sentia-se tragando a culpa, que não era sua. Sempre soubera da fugacidade da maioria das coisas humanas, já estivera ali antes, mas ainda assim sentia o famoso gosto amargo do fim. Mais que isso, novamente padecia a dor de ambos.
     A hora se aproximava e num movimento repentino ela sentou-se no chão, tentando fita-lo uma última vez. Sem sucesso. Queria mesmo encarar aquele quarto no qual tiveram incontáveis ótimos momentos, porém agia como se quisesse registrar o único que havia sido ruim - atitude que lhe era típica.
    
_ Que horas são? - ela disse.

     Era a hora. As lágrimas e as esperanças que restavam ficaram no travesseiro amarelo tão peculiar, o mesmo que tantas vezes acolhera seu sono e seus cabelos escuros.
     Ele fitou seus olhos vermelhos através da fumaça e, enfim, levantaram-se. As poucas palavras que trocaram foram tão vazias que mal ousaram se tocar, e o último abraço foi tão curto quanto cruel.