quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Paciência

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“Não, não, não e não! Bolinhas de feno de novo, não!

Comecei o blog já prevendo esses recessos, mas no fundo, bem na rapinha do meu otimismo vacilante, não achei que fossem ser tantos. Nem que o teor das postagens acabasse tão melodramático melancólico. Que fosse íntimo, sim. E tudo bem que as expressões mais doídas e ridículas são quase sempre as mais urgentes, mas há também outras de igual ou maior valia que escapam pela preguiça, pela falta de papel à mão, por uma distração (as de sempre...), ficam perdidas no banheiro, porque a água do chuveiro é um catalisador de pensamentos tão bom quanto o travesseiro...

Senti muita vontade de escrever, por exemplo, a respeito da minha primeira experiência em sala de aula, uma coisa deliciosa. Fiquei com vontade de registrar, já que minha memória só parece prestar pro que não presta (último recurso moderninho de sinceridade disfarçada, prometo) pra música e outras coisinhas inúteis.

Seria divertido recordar com detalhes o frenesi inicial da docência, tanto quando coisas bacanas acontecessem com a Educação, quanto quando a rotina do ganha-pão me empurrasse cada vez mais para o cúmulo do desânimo.

Mas como boa parte das coisas que me acontecem, perdeu-se. Assim como a outra metade desse post, que vai sumindo a medida que vai sendo escrito.”


Esse era o rascunho do texto que eu ia postar em novembro. Acontece que dia 13 de novembro do ano passado sofri um AVC: acidente vascular cerebral isquêmico, que nenhum médico sabe ainda por que.

O lado direito do meu corpo foi totalmente paralisado dos pés a cabeça, e o lado direito dela parecia estar vazio. Não me lembro de muitas coisas, sei que 5 dias depois voltei para minha cidadezinha para tentar me reorganizar na casa dos meus pais, e tudo mais que se pode fazer com os fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeuta ocupacional, hidroterapeuta... Não é fácil, com o tempo você cai em si e cai no choro também, porque é uma coisa que modifica sua vida inteira. Mas olhando pelo lado bom, eu já ando, mexo o braço, falo - com a voz horrível, mas tudo bem, até fui comer comida japonesa no shopping de Lavras (lugar incrível recheado de lembranças boas!).

Hoje faz dois meses que eu saí de Viçosa. Dois meses que eu me lembro de vir segurando o choro quando voltava de lá, lembrando dos amigos, de quem eu gosto muito, do período que eu ia perder, da despedida lá no hospital... Mas não quero que isso fique aqui com lembranças. Que fique cheio de gratidão, esperança e lotado de saudades, porque meu coração está cheinho delas.

Um obrigado muito sincero pra todos que enviaram qualquer pensamento positivo, e agora é paciência...